Expressar sentimentos em forma de poemas é uma missão para ele, o pássaro preso, escritor do livreto Rastros na Areia. Jakson Keles!
Por que escrever poemas?
Porque esta é a única razão que encontro de atingir os sentimentos
alheios, de desaguar o que se acumula dentro de mim. Confesso que sem os versos
a vida seria um tédio, um amontoado de razões insignificantes.
O que te motiva a continuar nessa
jornada árdua, que é a vida de um escritor brasileiro?
A vasta emoção que existe dentro de mim de estar sempre fazendo o que
amo, independente se terei êxito aos olhos do mercado literário. Se não
existisse as dificuldades, eu não saberia o que realmente me faz feliz.
Se você fosse um pássaro, qual seria?
Seria um gavião! Admiro a
capacidade que ele demonstra em conhecer o mundo dos homens e sobreviver sempre
distante dele.
Conte-nos um pouco sobre o seu poema
preferido e, sobre a emoção ao receber aquela máquina datilográfica, cumplice
das suas horas de inspirações.
Amo todos os meus escritos. Mas me identifico com o
poema intitulado Uma Triste Canção.
Este denota a trajetória de um pássaro preso, que em seu canto traduz a
angustia de estar preso em uma gaiola, na feliz sensação de entender como
é a vida em gozo da liberdade. Foi justamente deste poema que surgiu a frase,
que hoje é amplamente divulgada no Brasil. “PÁSSARO PRESO NÃO CANTA...IMPLORA
POR LIBERDADE”.
A máquina datilográfica, esta é para mim, o presente mais valioso do
mundo, chegou justamente na época em que eu fazia manuscritos literários e os guardavam
em uma caixa de sapato, em baixo da minha cama. Aconteceu em 2005, em uma das
muitas visitas que ainda costumo fazer as livrarias, me depararei com uma
entrevista numa revista de circulação nacional, com o editor da editora
sextante, hoje falecido e jamais esquecido por mim. Amei a entrevista e
fiz uma carta com diversas críticas sobre o tema abordado... Para a minha
surpresa, em poucos dias recebi a carta reposta do Geraldo Jordão Pereira, um
envelope gigantesco e registrado, destinado ao Sr. Jakson keles. A partir daí
fiquei conhecido nos correios da minha cidade, se tratava de vários livros e
uma carta que, guardo até hoje, após esta carta houve muitas outras e, ao
descobrir que o meu sonho era uma máquina datilográfica, o Geraldo não
contou espaço, me enviou diretamente a máquina, relíquia. Ainda lembro quando
esta outra encomenda gigantesca chegou, levei as pressas a casa de um amigo de
escola que também é poeta. Lá abrimos a encomenda e nos abraçamos pulando em círculo
e liberando uns gritos de alegria e emoção. Caramba! Só em lembrar fico
emocionado. Um êxtase emocional que nem dá para descrever...